Política

Crise entre as Polícias de São Paulo: Entenda o Conflito

O governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas, enfrentou uma crise significativa entre as polícias Civil e Militar após a decisão de ampliar os poderes da Polícia Militar. A medida, que permitia à PM registrar ocorrências de menor potencial ofensivo, tradicionalmente responsabilidade da Polícia Civil, gerou grande insatisfação e rivalidade entre as corporações.

A proposta de Tarcísio visava agilizar o atendimento de ocorrências, mas acabou aprofundando o desgaste entre as duas polícias. A repercussão negativa levou o governo a recuar e solicitar um estudo sobre a viabilidade da medida, com um prazo de 45 dias para conclusão. O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou que um grupo de trabalho está avaliando a implementação da medida em outros estados.

A crise foi exacerbada pelo déficit recorde de policiais civis em São Paulo. Dados do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) indicam que, até janeiro de 2024, havia 17.231 cargos vagos, representando um déficit de 41%. Esse cenário de escassez de pessoal contribuiu para a insatisfação da Polícia Civil com a proposta de Tarcísio.

Em resposta à crise, Tarcísio deu posse a 4.017 novos agentes da Polícia Civil, aprovados em concurso público. A cerimônia de posse ocorreu no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, e contemplou candidatos aprovados em 2022 e remanescentes. Os novos policiais passarão por cursos de formação na Academia de Polícia.

Durante o evento, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, agradeceu ao governador e ao secretário de Segurança Pública pelo apoio e valorização da categoria. Dian foi um dos primeiros a se manifestar contra a medida que permitia à PM registrar termos circunstanciados, argumentando que a PM não deveria realizar investigações.

Tarcísio também anunciou que outro concurso, com 3.500 vagas, está em andamento. Com a incorporação dos novos policiais, o governador espera recompor 30% do efetivo da Polícia Civil até o final do ano, totalizando 7.517 novos agentes em 2024.

A insatisfação da Polícia Civil com a gestão de Tarcísio não é recente. Desde 2023, delegados e representantes de sindicatos vinham reclamando sobre privilégios concedidos à PM. A nomeação de Guilherme Derrite, capitão reformado da PM, como secretário de Segurança Pública, foi vista como um favorecimento à corporação militar, exacerbando as tensões.

A crise entre as polícias de São Paulo destaca a complexidade de equilibrar as atribuições e poderes das diferentes forças de segurança. A gestão de Tarcísio de Freitas continua a enfrentar desafios para harmonizar as relações entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, buscando soluções que atendam às necessidades de segurança pública do estado.

Wecoa Silva

Wecoa Silva

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